Hoje a palavra principal é liberdade. Comemoramos 44 anos de liberdade em Portugal. No entanto, eu interrogo-me… ao longo destes 44 anos fomos realmente livres? Ou será que tipificamos a liberdade como dependente apenas de alguns fatores, nomeadamente políticos?
A pergunta que te faço hoje é: sentes-te livre?
Aquilo que sinto é que muitos de nós se prende a si mesmo, elevando barreiras contra as pessoas envolventes, contra ideologias, e quase contra o mundo.
Somos pouco livres porque estamos agarrados ao preconceito.
Somos pouco livres porque receamos o que os outros pensam sobre nós, e isso faz-nos parar e ter medo de avançar no plano que traçámos.
Somos pouco livres porque nos amordaçamos e receamos dizer o que nos vai na alma. Julgamos ser mais confortável calar, consentir e engolir em seco, mas como resultado cria-se um nó na garganta que nos prende ainda mais e traz tudo menos o nosso conforto.
Somos pouco livres porque vivemos na ilusão de que o dia certo para tudo vai chegar e, no entanto, somos cegos, porque os dias passam por nós e não os agarramos.
Somos pouco livres porque nos amarramos aos sítios, às coisas, às pessoas e não somos capazes de perceber quando os devemos deixar partir.
Somos pouco livres porque ficamos tantas vezes atados no passado, nas dores, nas tristezas, nas desilusões e nas saudades, e não avançamos para o hoje, para o daqui para a frente.
Somos pouco livres porque desejamos tanto dar asas aos nossos sonhos e perdemos tantas vezes a coragem de os concretizar.
Somos pouco livres porque nos encorajamos diariamente ao conformismo, à resignação de viver uma rotina que consideramos nos ser imposta pela sociedade.
Somos pouco livres simplesmente porque não libertamos a criança que habita dentro de nós, o nosso lado infantil, alegre, sonhador e indispensável para equilibrar aquele lado mais sério, conservador e medroso que também existe em cada um de nós.
Somos pouco livres porque não abrimos as portas à nossa essência, àquilo que realmente somos, àquilo que realmente desejamos. Porque afinal a liberdade é muito abrangente, mas a pior prisão é aquela que tu constróis para ti mesmo com as tuas próprias mãos.
Para e analisa se realmente és livre ou se ainda há muito por libertar dentro de ti.
Feliz dia da liberdade!
|imagem - Nature Galaxy|